ATHIS apoia moradores do Jardim Cristal na luta por moradia digna em Londrina

Entre ameaças de reintegração e falta de infraestrutura, moradores recebem apoio para organizar o movimento

Reunião de moradores para organizar o movimento pela regularização e por melhorias no Jardim Cristal

No último sábado (04), integrantes do Movimento da ATHIS (Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social) visitaram o Jardim Cristal, na zona sul de Londrina. A visita teve como objetivo dialogar com moradores e lideranças comunitárias sobre a participação na coleta de assinaturas de um abaixo-assinado em defesa da ATHIS. A ação faz parte do trabalho de capilarização do movimento, que tem percorrido diferentes regiões da cidade para orientar comunidades e ampliar o alcance da coleta.

A mobilização ocorre em um momento delicado. Há menos de um mês, a Sial Construções Civis, proprietária do terreno ocupado, entrou com um pedido de reintegração de posse. Os moradores afirmam que a empresa já havia demonstrado interesse em vender a área, mas que nenhuma proposta foi feita pela Prefeitura ou pela Cohab.

Entre as lideranças da comunidade está Marielen Roberto que relata a ausência do poder público. “Os políticos só se lembram da gente em época de eleição. Aqui tem muitas crianças, idosos. Pessoas que trabalharam a vida inteira e não têm um lugar confortável pra morar”, afirma.

Diante das dificuldades, os moradores se reúnem semanalmente para planejar melhorias. A iniciativa mais recente é a construção de um centro comunitário, feita com as próprias mãos e com recursos arrecadados entre eles. O espaço deve servir para reuniões e capacitações, fortalecendo a organização da comunidade diante das ameaças de despejo. Os moradores contam com o suporte de integrantes do MAP (Movimento Autônomo Popular), formado por advogados, assistentes sociais e psicólogos.

Durante a visita, o professor Gilson Bergoc apresentou a Lei da ATHIS e explicou os próximos passos da mobilização. A meta é alcançar 25 mil assinaturas, que serão coletadas em igrejas, eventos e locais públicos da região. Uma capacitação de voluntários também será realizada para orientar o processo de coleta.

A moradora Maria Aparecida Oliveira, de 63 anos, contou que enfrenta dificuldades diárias. Recentemente internada para tratamento médico, ela retornou e encontrou sua casa sem água há quatro dias e sem energia elétrica, após um incêndio danificar a fiação. Em situação de vulnerabilidade, Maria Aparecida depende de benefícios sociais para se manter.

Em Londrina, a atuação da ATHIS busca responder justamente a situações como essa, em que a falta de infraestrutura e o risco de despejo tornam a vida nas ocupações ainda mais precária.

Clara Szymula – Estagiária

Com supervisão de 

Raquel de Carvalho – Jornalista (MTb 2141- DRT-PR)